Operação na Argentina Derruba Acesso de Milhares de Brasileiros a Serviços de TV Pirata
Uma recente operação contra a pirataria na Argentina resultou na desativação de dezenas de serviços utilizados por milhares de brasileiros para acessar conteúdo ilegal. Embora não haja números oficiais exatos de usuários afetados, a queda dos serviços gerou centenas de reclamações em redes sociais e fóruns especializados ao longo do fim de semana.
A ação, que começou no final de agosto, teve seus efeitos sentidos mais intensamente neste último fim de semana. Segundo a Alianza, Associação da Indústria Audiovisual que combate a pirataria na América Latina, o processo corre sob segredo de justiça. A principal hipótese é que a desativação dos serviços ocorreu à medida que o Ministério Público da Argentina avança nas investigações contra a organização responsável.
Os Serviços Afetados e o Alcance da Operação
Dezenas de serviços que operam via TV Boxes piratas foram desativados. Entre os mais conhecidos estão:
- My Family Cinema e Epic Cinema: funcionam como plataformas de conteúdo pirata, análogas a um serviço de streaming sob demanda.
- TV Express: oferece acesso ilegal a centenas de canais de TV abertos e pagos.
Usuários relataram a interrupção súbita dos serviços. Um cliente do TV Express mencionou que seu aplicativo parou de funcionar após uma “atualização” e lamentou o fato, pois seu contrato só venceria em março. Da mesma forma, um usuário do My Family Cinema relatou ter perdido o acesso de um dia para o outro, mesmo tendo pago por um plano anual.
Em resposta a essas desativações, algumas plataformas emitiram comunicados. O My Family Cinema e o Cinefre informaram que, devido a questões de direitos autorais, encerrariam permanentemente suas operações, agradecendo a confiança e o apoio dos usuários ao longo dos anos e desejando sucesso na busca por novos aplicativos.
A operação atingiu plataformas utilizadas em diversos modelos de TV Boxes, como BTV e DUA. Além dos já citados, a lista de serviços que tiveram o acesso derrubado inclui VTV, Cinefle, Redplay, Duna TV, Boto TV, Break TV, Blue TV, Super TV Premium, Hot, Ôix, PlusV, Mix, Venda TV, Ala TV, Poce TV, Futebol Zone, Nossa TV, Mega TV+, Cinedu, Megaamax+, GTV, Nebu Plus e Honda TV.
A Argentina como Centro da Pirataria
A investigação apontou que a Argentina funcionava como o centro de marketing e vendas da pirataria para o mundo inteiro. De acordo com o presidente da Alianza, o escritório em Buenos Aires era responsável por essas atividades, enquanto a administração e as finanças estavam localizadas na China.
Estima-se que o grupo desativado contava com 6,2 milhões de assinantes globais, sendo 4,6 milhões deles brasileiros. No auge, a associação calcula que o grupo chegou a ter 8 milhões de clientes.
A movimentação financeira desses serviços é significativa: estima-se que o grupo movimentava entre 150 milhões e 200 milhões de dólares anualmente, o que corresponde a cerca de R$ 800 milhões e R$ 1 bilhão, respectivamente.
Como a Pirataria Funciona e a Questão da Anatel
As chamadas TV Boxes piratas geralmente utilizam versões modificadas do sistema operacional Android, que incluem aplicativos para acesso ilegal a conteúdo de streaming e TV por assinatura. Os consumidores pagam uma taxa (mensal, semestral ou anual) por esses serviços, o que leva muitos a acreditarem que estão utilizando plataformas legítimas.
É comum que esses consumidores registrem queixas em sites como o Reclame Aqui e até mesmo busquem a Anatel (Agência Nacional das Telecomunicações) para relatar problemas de funcionamento. Contudo, equipamentos de TV pirata são denominados assim justamente por não terem sido homologados pela Anatel. Antes de serem comercializados, os dispositivos devem passar por rigorosos testes de segurança realizados pela agência. A Anatel disponibiliza uma página pública para consulta dos modelos homologados e seguros.
A Dificuldade em Bloquear o Conteúdo
Apesar da eficácia momentânea da operação argentina, o bloqueio total do conteúdo pirata é um desafio contínuo. Isso ocorre porque as organizações criminosas conseguem contornar os bloqueios com frequência. A estratégia comum é atualizar o aparelho ou o software para redirecionar o acesso a outros servidores, normalizando o serviço rapidamente para os usuários.
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